Seguindo os mesmos passos de seu antigo aliado político, Cabo Sabino, o deputado
estadual Capitão Wagner vai deixar os quadros do Partido da República (PR) e se filiar ao
Partido Republicano da Ordem Social, o PROS. A oposição apostava no nome do
parlamentar para uma candidatura ao Governo do Estado, mas ele disputará uma das 22
vagas do Ceará na Câmara Federal, o que fará com que o grupo volte à estaca zero, sem
um postulante oposicionista ao cargo majoritário.
O anúncio da filiação de Wagner ao PROS será feito, oficialmente, na quinta-feira da
próxima semana, dia 25, a partir das 9h, na Assembleia Legislativa. No entanto, a filiação só
será concretizada em março próximo, na janela partidária. O deputado dialoga há alguns
meses com a direção da sigla no Estado.
O presidente do PR, Lúcio Alcântara, como o Diário do Nordeste já havia noticiado, chegou
a oferecer a presidência da legenda ao deputado, mas ele não aceitou o posto, visto que
não teria o controle da agremiação na totalidade. Wagner não aceitava, por exemplo, que
filiados da legenda, como a deputada federal Gorete Pereira, se aliassem à base do
governador Camilo Santana.
Ao Diário, o parlamentar afirmou que será candidato a deputado federal pelo PROS, e não
pretende disputar vaga no Senado ou o Governo do Estado, como queria a oposição. Ele
tem dito que as postulações majoritárias demandam muito investimento e cita que ainda
estaria pagando dívidas da campanha de 2016, quando foi derrotado por Roberto Cláudio
na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.
Apesar da decisão de não disputar o cargo de governador, Capitão Wagner garantiu que a
relação com a bancada oposicionista seguirá a mesma, sem qualquer distanciamento ou
desentendimento. No entanto, o mesmo não acontecerá em relação a seu antigo aliado, o
deputado federal Cabo Sabino. Não há mais ânimo nem disposição entre os dois para uma
relação amigável.
Rompimento
Desde o segundo semestre do ano passado, desentendimentos entre os dois parlamentares
foram evidenciados nas redes sociais. Sabino havia se comprometido a apoiar Wagner na
disputa ao Governo do Estado ou ao Senado, mas disse, em vídeo na Internet, que lançaria
candidatura a deputado estadual, caso o colega fosse disputar uma vaga na Câmara
Federal.
No entanto, após ouvir apoiadores, Sabino resolveu manter a postulação a deputado
federal, o que dividirá votos dos dois. Em 2014, quando foram eleitos em dobradinha,
Wagner obteve 194.239 votos e Sabino, 120.485. Ele foi o 12º deputado federal mais bem
votado do Ceará, e Wagner, o candidato a deputado estadual com mais votos na história da
Assembleia.
Com o senador Tasso Jereissati e Capitão Wagner fora da disputa majoritária no Estado, o
ex-presidente do PSDB, Luiz Pontes, disse que a oposição já estaria no “plano D”, e não
mais no B ou C. Na manhã de ontem, ele se reuniu, em um almoço, com os dirigentes do
PR, Roberto Pessoa e Lúcio Alcântara, e com o ex-presidente do extinto Tribunal de Contas
dos Municípios (TCM), Domingos Filho. A bancada decidiu que vai insistir nas pesquisas
internas para definir quem será o escolhido para a disputa, e ele garante que o Estado não
ficará sem um candidato oposicionista em 2018.
Dificuldades
Principal liderança do grupo no Ceará, Tasso Jereissati está no exterior, mas se reunirá com
a bancada até o fim do mês. “Temos que ver logo isso, temos que colocar um nome na rua,
porque agora só tem o nome do governador. Ele está sozinho e isso não é bom para a
democracia”, opinou Luiz Pontes.
Para ele, o principal empecilho para apoio ao nome de Wagner foi o fator Jair Bolsonaro,
visto que houve impedimento de Tasso a pedido de voto para o presidenciável. “Voltamos à
estaca zero, mas ele (Capitão Wagner) vai apoiar o nosso candidato. Ele é um nome forte,
não somente como candidato”, disse Pontes. Ele admitiu que a oposição tem dificuldades
para encontrar um nome, mas lembrou que, em 2014, o nome de Camilo Santana só foi
definido na base governista no último momento.
Presidente do PR, o ex-governador Lúcio Alcântara disse que, “no momento certo”, a
oposição terá um nome, mas, por enquanto, não há candidato. No entanto, ele ressaltou que
as legendas de oposição estão unidas, e isso é importante neste momento.
Questionado sobre a saída de dois membros da agremiação, o dirigente afirmou que não
pode forçar ninguém a ficar no partido. “Não tenho nenhuma confirmação dele (Wagner),
mas é preciso respeitar a decisão das pessoas. Lamentamos, mas sai um aqui e entra
outro. Isso é um fenômeno natural da política”.
Diário do Nordeste