Gestores públicos se organizam para mostrar à população brasileira a dificuldade de enfrentamento da escassez de água. Segundo levantamento da CMN, 95% das cidades cearenses, por exemplo, estão sofrendo os efeitos da seca. Os nove Estados do Nordeste se mobilizam, nesta segunda-feira, 13, para chamar a atenção do País para a difícil situação de seca que muitos municípios enfrentam e as consequências dela para a economia e para a vida da população. A Mobilização Nacional pelo Nordeste é uma articulação da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com entidades municipais representantes de cada estado. Em Fortaleza, a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) organiza uma assembleia extraordinária na tarde de hoje. A seca que a região Nordeste enfrenta em 2013 é considerada a maior dos últimos 50 anos, com mais de 1,4 mil cidades afetadas, de acordo com levantamento feito pela CNM. Uma pesquisa com 124 dos 184 municípios cearenses mostra que 95% dos gestores afirmam que seu município sofre com os problemas da estiagem, e 51% gasta, em média, R$ 50 mil com a compra de água para atender, principalmente, ao consumo humano. Em Fortaleza, a programação pela Mobilização Nacional pelo Nordeste acontece em uma assembleia extraordinária marcada para as 15 horas na sede da Aprece, com o objetivo de debater questões ligadas à seca. Segundo a Aprece, a meta é paralisar as atividades das prefeituras municipais cearenses, mantendo apenas os serviços considerados essenciais, como saúde, educação e limpeza pública. Após o encontro, os gestores municipais seguem para Brasília com as reivindicações municipalistas. Na terça-feira, 14, após as mobilizações, as entidades aguardam uma audiência com os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), para mostrar os resultados do levantamento e cobrar apoio efetivo do Parlamento. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski destaca que esse trabalho é um projeto de longo prazo e que não há a pretensão de resolver a situação imediatamente. “O problema da seca é histórico, é recorrente. Nós temos de trabalhar para obrigar os governos a tomar consciência de que não adiantar passar eleição após eleição usando a seca para fazer voto”, diz Ziulkoski.
Motivos
Em encontro prévio dos gestores municipais em Maceió (AL), no dia 30 de abril, foi elaborada a Carta de Alagoas, que explica os motivos dos prefeitos a se mobilizarem. Na carta, eles “lamentam a não inclusão dos municípios como agentes executores e demonstram sua insatisfação diante da falta de respostas do Governo Federal a reivindicações já feitas e que, se implementadas, já poderiam ter mudando a triste e cruel realidade por que passam quase 10 milhões de pessoas de forma direta”. A presidente Dilma Rousseff chegou a anunciar, no começo de abril, um conjunto de medidas para combater os efeitos da seca no Nordeste. Ajuda que, segundo a CMN, “não se vê chegar aos municípios afetados”.