Racionamento afeta pelo menos 50 mil pessoas no Sertão Central

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A água chega às torneiras de quatro em quatro dias para os moradores das cidades de Quixeramobim e Boa Viagem. Com isso, a população precisa recorrer a adutoras, carros-pipa, chafarizes ou tem que comprar água

 

 

Os moradores de Quixeramobim e Boa Viagem, no Sertão Central, voltaram a enfrentar escassez de água. Apesar dos esforços do Serviços Autônomos de Água e Esgoto (Saae), a alternativa encontrada foi implantar o racionamento: agora, o recurso hídrico é distribuído de quatro em quatro dias entre os bairros desses centros urbanos.

 

Nas áreas mais afastadas e elevadas de Quixeramobim e de Boa Viagem, a distribuição de água é feita por caminhões-pipa custeados pelos próprios municípios. Depois de um período de dois anos de regular abastecimento, os transtornos voltaram. A crise persiste mesmo com a instalação de novas adutoras de montagem rápida.

 

Em Quixeramobim 35 mil moradores consomem água tratada e fornecida pelo Saae. O rodízio é feito nos cinco bairros da cidade. A água só chega às torneiras de quatro em quatro dias. Os açudes locais secaram, e a alternativa foi trazer água do açude Pedras Brancas, em Banabuiú (que também abastece a sede urbana de Quixadá), por meio de uma Adutora de Montagem Rápida, distante 60 km. A água transferida do açude Pedras Brancas não atende à demanda de Quixeramobim e de Quixadá. Segundo técnicos do Saae, o bombeamento não é suficiente para essas cidades.

 

No município de Boa Viagem, pelo menos 15 mil famílias sofrem, há seis anos, com a escassez de água no sistema local de abastecimento. O quadro é considerado um dos mais graves. O açude Vieirão permanece seco. O Governo implantou uma adutora emergencial a partir do açude Umari, em Madalena, a 40km.

 

Uma cena comum nos bairros mais afastados é a instalação de reservatórios de polietileno. Moradores acordam cedo e vão retirar água dos chafarizes. Outros compram água de caminhões particulares.

 

“A gente gasta R$ 32 para encher a caixa-d’água. Antes do açude Vieirão secar de vez, há cinco anos, a conta era menos da metade. A gente esperava que quando a adutora do Umari começasse a funcionar, em dezembro do ano passado, esse problema acabasse, mas o que está acabando mesmo é o dinheiro da aposentadoria”, reclama a moradora do bairro periférico, Mazinha Soares Torres, 66 anos.

 

Antes de as adutoras começarem a funcionar, a de Quixeramobim, em junho de 2016, e a de Boa Viagem, em dezembro de 2017, as alternativas eram os poços profundos e chafarizes. Quem tinha mais recursos comprava a água de particulares. Alguns chegavam a cobrar até R$ 500 pela carga de seis mil litros.

 

Campanhas

 

Passados cinco meses da quadra chuvosa, os Saaes das duas cidades intensificam campanhas de consumo consciente. Segundo o diretor do Saae de Quixeramobim, Miguel Fernandes, o bombeamento do açude Pedras Brancas, em Banabuiú, a 60km de distância, não é suficiente para atender 15 mil unidades consumidoras da área urbana. A água da barragem, acima da cidade, complementa o abastecimento da rede, mas está acabando. O volume é de 110 mil metros cúbicos.

 

Os moradores do Conjunto Esperança, uma das áreas residenciais mais altas de Quixeramobim, são os mais afetados. “Quando a água começa a pingar por aqui é uma correria, com baldes e tudo quanto a gente possa guardar água, até porque não está chegando no dia marcado pelo Saae. Tenho quatro filhos. Três são crianças”, justifica a ambulante Maria das Graças Vidal, 36. Para evitar o medo de faltar água, a coordenadora da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Saae local, Rosselene Peixoto, faz palestras educativas nas escolas, fábricas e estabelecimentos comerciais.

 

DN

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