Da Coluna Valdemar Menezes, no O POVO deste domingo (4):
A pesquisa do DataFolha, feita depois do julgamento de Lula, deixa claro que a trinca do TRF-4 não conseguiu convencer o Brasil com sua “didática”. O ex- presidente continua a ter a preferência da maioria dos consultados nas pesquisas pré-eleitorais: mais do que a soma de todos os outros pretendentes, em que pese a campanha contra ele.
O povo brasileiro parece ter entendido que Lula sofre perseguição judicial justamente por causa disso. Para essa parte da população, o tratamento dado a ele diferencia-se totalmente do recebido pelos seus adversários. Mais estranho ainda porque sobre estes pesam provas substanciais, enquanto contra o ex-presidente reuniram-se não mais do que “convicções”. Juristas divergentes têm afirmado serem “vexatórias”, do ponto de vista do Direito Penal e da Constituição, tais provas”.
As classes dominantes brasileiras, aliás, nunca conviveram bem com a democracia: interrompem-na, sob qualquer pretexto, sempre que sentem ameaçado o monopólio que detêm sobre o poder.
Desde 1889, ano da Proclamação da República, só veio haver democracia plena, no Brasil, no período de 1988 a 2016. Aí foi interrompida pelo golpe do impeachment sem crime de responsabilidade, tão logo as forças do sistema foram derrotadas nas urnas pela quarta vez consecutiva (o povo foi longe demais).
Foi o pretexto para se reintroduzir no País o regime de exceção. Nada diferente do que ocorreu rotineiramente na história do Brasil. O desdobramento lógico do golpe é tentar impedir a eleição, pelo povo, do ex-presidente Lula, pois isso significaria encantoar, de novo, a burguesia. Logo ele, que deixou o poder com mais de 87% de aprovação. Só que não tem adiantado: o processo judicial é visto também como “farsesco” por boa parte do mundo jurídico nacional e estrangeiro. O povo brasileiro já havia entendido isso. Só resta trocar o povo.
O povo