Governo estadual teve redução de R$ 20 milhões anuais com a implantação do Cinturão Digital nas secretarias
Para Fernando Carvalho, presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), o Cinturão Digital do Ceará (CDC) já é uma realidade. Finalizado em 2010, o projeto visava integrar municípios com mais de 50 mil habitantes. “Ele hoje serve 53 cidades, mas já passa por 92, metade dos municípios do Estado do Ceará”, afirmou Carvalho. Porém, somente as prefeituras de Banabuiú, Limoeiro do Norte, Quixadá, Sobral, Tauá e Viçosa do Ceará assinaram, em 2012, e recebem a conexão de 150 megabits por segundo. No último dia 19 de novembro, o presidente da Etice anunciou que outras 49 prefeituras municipais farão parte do projeto do Governo do Estado.
Fernando Carvalho, presidente da Etice, com o mapa do Cinturão Digital. Projeto já está em execução e é realidade em alguns municípios Foto: Divulgação/Etice
De acordo com Carvalho, o Cinturão Digital trouxe economia de R$ 20 milhões anuais para o Estado. “Antes, o investimento com o contrato de internet para os órgãos e autarquias estaduais era de R$ 38 milhões/ano até 2007. Hoje não passa de R$ 18 milhões”, disse. Ele completa informando que o investimento do Estado no Cinturão Digital foi pago 60 dias depois do cancelamento à antiga fornecedora de internet banda larga para as secretarias que estavam todas conectadas em 2009. O valor mensal investido pelo Governo é de R$ 680 mil.
Segundo Carvalho, o CDC fornece internet banda larga para os órgãos das prefeituras municipais, mas a Etice cobra como contrapartida que escolas públicas e duas praças tenham acesso gratuito à internet em cada cidade. Nas praças, o serviço será via wi-fi. Ainda este ano será realizado edital para a contratação de provedores de acesso para as prefeituras. Os contratos com elas e com os municípios precisam ser assinados até abril de 2014.
Custo baixo
O custo para as prefeituras não será mais elevado. “5 megabits por segundo de velocidade custam R$ 16 mil para as prefeituras”, afirmou Carvalho. “Já a conexão no Cinturão custa R$ 3 mil por 150 megabits por segundo”, completou. Ainda de acordo com o presidente da Etice, o transporte para o interior ele quer fazer por R$ 20 por megabit/segundo. “Então o produto sairá por R$ 32 mais R$ 20 para as prefeituras porque é subsidiado. Para o mercado será R$ 70 mais R$ 32. É uma forma de você ter no interior uma internet excelente com baixo custo”. E Carvalho deixou claro que a operação pode ser considerada barata porque os terrenos por onde a fibra passa são públicos e o Governo do Estado não paga pedágio. “E nós ainda fazemos convênio com a Coelce (Companhia Energética do Ceará) para o uso dos postes”, ressaltou Fernando Carvalho. Um projeto importante já em desenvolvimento graças ao Cinturão Digital é o da Secretaria da Fazenda (Sefaz). Segundo Carvalho, a Sefaz pretende instalar “scanners” de carga nas divisas do Estado. E isso só será possível pela existência dos cabos de fibra ótica do CDC. A estrutura irá até cada posto na divisa.
Segundo Carvalho, muitas empresas no mundo têm como principal insumo o transporte de dados. E isso é o caso do Google. Com a questão da espionagem, há a demanda que as empresas façam isso no Brasil e o Ceará se credencia para sediar estas empresas. “Primeiro porque estamos conectados com fibra ótica, somos o ponto de entrada das fibras. E as empresas podem estar no interior por conta do Cinturão Digital. O Ceará se qualifica para atrair este tipo de companhia. Todas as empresas de comércio eletrônico têm interesse de estar aqui porque estarão mais próximas da rede. Aqui temos conexão direta com os grandes estados através da fibra ótica submarina, temos os backbones que partem via terrestre e muitos estados do Norte-Nordeste, especialmente do Norte, tentam chegar com fibra ótica em Fortaleza porque as fibras do mundo estão aqui”, afirma.
Onde funciona
Instituições ligadas aos governos do Estado e Federal em Juazeiro do Norte já utilizam a internet banda larga através das conexões estabelecidas pelos cabos de fibra ótica que compõem o Cinturão Digital. No campus da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Juazeiro do Norte, o programa está em fase de instalação. Toda a ligação da rede de conexão deverá estar concluída no início do próximo ano.
A expectativa é de que com a utilização do sistema, a internet disponibilizada no campus possa apresentar a mesma rapidez e qualidade de conexão como a que é distribuída no campus de Crato, que já conta com o programa em funcionamento. “Em Crato são utilizados cerca de 10 megabits em toda a extensão do campus”, informa Levi da Silva Medeiros, do Núcleo de Tecnologia da Informática da UFCA. Segundo ele, após a instalação do novo sistema, “é possível a realização de videoconferências sem que haja receio de perda ou queda de sinal”.
O setor de segurança em Juazeiro também contabiliza melhorias a partir da utilização do Cinturão. Atualmente, conforme Lúcio de Freitas Lourenço, escrivão chefe da 20ª Delegacia Regional de Polícia Civil, o tempo gasto com procedimentos que demandam uso da Internet foi reduzido pela metade. Diariamente, os policiais utilizam o Sistema Integrado de Polícia (SIP), onde são inseridos todos os registros pertinentes às atividades policiais, como boletins de ocorrências, por exemplo
Em Viçosa do Ceará a tecnologia vem sendo trabalhada para apoio de capacitação em todas as áreas, mas voltada principalmente para os jovens. O prefeito do município, Divaldo Carneiro Soares, explica que o projeto, que deveria estar completo no ano passado está atrasado, porém já completamente implantado. “Já temos usado a internet principalmente para os órgãos municipais. Porém, até o final do ano ou início do ano que vem, ela deve ser aberta para toda a população”, afirmou.
Em Sobral, o Cinturão Digital já está funcionando no Hospital Regional da Zona Norte e Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). Com a chegada do Cinturão Digital, a conexão saiu de 512kbps e 60% de cobertura para 1Mbps e 100% de cobertura. Para o coordenador técnico de informática da Prefeitura, Reinaldo Duailibe, esse aumento de velocidade foi bastante significativo. “Acredito que somos o primeiro município do Brasil a ofertar internet gratuita com uma cobertura de 100% do território”, destaca.
Todas as escolas municipais recebem internet de banda larga, o que facilitou a implantação do projeto Khan Academy, originário dos Estados Unidos. Nele, os alunos têm três aulas de Matemática por semana, através de videoaulas na sala de Informática das escolas de Sobral.
Empreendedorismo
Com o Cinturão Digital, projetos como o Clube do Java ganharam força em Tauá. Para Sidney Rodrigues, de 17 anos, há um ano participando do Clube, o avanço tecnológico no município “é muito importante para os jovens, especialmente para os que como eu, gostam e querem trabalhar na área, pois crescemos como pessoa e ajudamos o município a se desenvolver”, finalizou Sidney Rodrigues.
DANIEL PRACIANO
EDITOR WEB