Os oficiais foram denunciados pelo MPCE nessa segunda-feira (26), por meio da Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar
A delação de um tenente da Polícia Militar do Ceará (PMCE) levou três tenentes-coronéis a serem denunciados nessa segunda-feira (26) pelo Ministério Público Estadual. A Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar apresentou acusações contra os oficiais Francisco Alexandre Rodrigues de Souza, Gerlúcio Henrique Vieira e João Wilson Elias Xavier.
Consta na denúncia que os policiais teriam permitido, mesmo que indiretamente, a invasão ao 18º Batalhão de Policiamento Militar, localizado no bairro Antônio Bezerra e que ficou marcado como o epicentro do motim ocorrido no Ceará no ano de 2020. Após um ano e meio do episódio, conforme apuração da reportagem do Diário do Nordeste, cerca de 450 PMs foram denunciados por ligação ao motim.
A denúncia contra o trio veio a partir da delação do tenente Pedro Henrique de Sousa Moura, já acusado pelo MPCE no início de 2021, na condição de cabeça da ocupação ao 18º BPM, pelos crimes de lealdade militar, omissão de eficiência da força, atentado contra viatura e crime de inobservância da lei. Pedro teria apontado os nomes dos oficiais revelando detalhes de como a ocupação teve sucesso.
BATALHÃO INVADIDO
Pedro Henrique detalhou o cenário observado no batalhão nos primeiros momentos da ocupação. Primeiro, um grupo de mulheres que se diziam manifestantes e esposas de policiais militares chegaram ao local. Na madrugada do dia 19 de fevereiro de 2020, por volta de 1h, “estranhamente houve recolhimento das viaturas do Batalhão de Choque, que lá estavam a comando do TC Francisco Alexandre Rodrigues de Sousa, desfazendo-se assim o cerco policial antes montado”.
Com o recolhimento das viaturas do Choque que ajudavam no policiamento do quartel, “houve intensa movimentação, onde rapidamente apareceram dezenas de viaturas em frente ao quartel, e centenas de pessoas ameaçando adentrar nas dependências do local”, conforme trecho da acusação, desta vez, se referindo às viaturas que já tinham sido arrebatadas por policiais militares encapuzados.
Para o promotor Sebastião Brasilino, a movimentação indicou fracasso da missão do tenente-coronel Francisco Alexandre, que é considerado pelo órgão acusatório como corresponsável pela invasão junto ao tenente-coronel José Maria Chiappetta Telles Júnior, já denunciado no início de 2021.
ACUSAÇÕES
Francisco Alexandre é acusado dos crimes de omissão de lealdade e descumprimento de missão duplamente qualificado. Já contra o oficial Gerlúcio Henrique Vieira constam nos autos que o réu Pedro Henrique “presenciou a sua tratativa de negociação com as mulheres encapuzadas, pois, segundo versão sustentada nestes autos, havia um oficial subalterno feito refém dentro do aquartelamento, e ele, 1º Ten Pedro, estava se oferecendo para assumir o seu lugar. Assaltam-me dúvidas: como pode um policial militar, oficial subalterno, ser feito refém por civis, desarmadas, encapuzadas, mulheres, dentro de um quartel? A que ponto a subversão e o desmonte da nossa briosa Polícia Militar do Ceará chegou, uma vez que militares não se acanham em sustentar uma história vergonhosa e inverossímil como essa”.
Já o tenente-coronel João Wilson Elias Xavier era o subcomandante do 18º BPM na data dos fatos, e por isto também foi denunciado por desobediência e crime de descumprimento de missão duplamente qualificado e omissão de eficiência da força. A reportagem não localizou as defesas dos policiais.Os militares ali de serviço, quer seja os de serviço no 18º BPM, quer seja os de serviço pelo Bope, ou pelo BPChoque, não enfrentaram as manifestantes porque não quiseram, já que foram subitamente tomados por um vergonhoso sentimento de coleguismo”PROMOTORIA DE JUSTIÇA MILITAR E CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL MILITAR
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