PF e Receita tentam identificar ‘laranjas’ de empresários e artistas de bandas de forró investigados por fraude milionária

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Passada a primeira fase da “Operação For All”, com o cumprimento de 44 mandados de busca e apreensão e 32 de condução coercitiva, a Polícia e a Receita Federal trabalham juntas para entregar à Justiça Federal a lista completa dos “laranjas” usados pelas empresas de entretenimento e bandas de forró para a prática de crimes como “lavagem” de dinheiro, enriquecimento ilícito e sonegação fiscal.

 

Esses “laranjas” são pessoas que “emprestaram” seus nomes e CPF para que os empresários conseguissem driblar o Fisco, montando empresas e documentos com o objetivo de dar celeridade ao processo de enriquecimento ilícito e “lavagem” dos altos lucros obtidos em contratos de shows de forró e outros eventos.

 

A quantidade de shows e seus valores não coincidiram com as informações colocadas nas declarações de renda de pessoas físicas e jurídicas, o que levou a PF e a Receita a iniciar a investigação ainda em 2014. Cantores famosos agora estão na mira das autoridades, assim como os donos de 26 empresas de entretenimento como a A3, dos empresários Carlos Aristides (“Carlinhos Aristides”) e Isaías Duarte, o “Isaías CD”, de seus sócios, entre eles os cantores “Xande Avião” e Solange Almeida, vocalistas da Banda “Aviões do Forró”.

 

Milionários

 

Outras empresas de entretenimento também investigadas são a D&E, dos irmãos Douglas e Eberth Santos; e a “Arte Produções”, do empresário João Carlos Diógenes. Em recente reportagem publicada por um jornal local, alguns deles confirmaram que o faturamento das empresas desse ramo chega a R$ 15 milhões/ano.

 

Além de identificar os “laranjas” usados nas negociatas e aprofundar a investigação sobre o imenso e milionário patrimônio dos envolvidos, as autoridades querem também saber se houve remessa ilegal de dinheiro dos empresários e artistas para o Exterior. À exemplo do que ocorreu com os envolvidos nas negociatas apuradas pela “Operação Lava Jato”.

 

Como resultado da primeira fase da operação, desencadeada na última terça-feira (18), auditores da Receita e peritos contábeis da própria Polícia Federal estão vasculhando detalhadamente todo o material apreendido nas sedes das 26 empresas, em emissoras de rádio do grupo, casas, apartamentos e escritórios dos empresários e seus artistas.

 

Cifras maiores

 

Somente na sede da A3 os policiais e fiscais passaram cerca de três horas, num trabalho demorado e meticuloso de colheita de provas do rombo milionário provocado aos cofres do Tesouro Nacional. A estimativa inicial de que o golpe chegaria à cifra de R$ 500 milhões  pode ser superada, segundo informações de investigadores. No entanto, o caso está sob sigilo.

 

À pedido das autoridades, a Justiça já tornou indisponíveis (bloqueou) os bens dos investigados e autorizou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de todos. No total, 163 imóveis (casas, apartamentos, fazendas, chácaras, escritórios, empresas, rádios, gravadoras, produtoras etc) e 69 veículos (maioria de luxo, importados) foram bloqueados e/ou apreendidos, impedindo os investigados de vendê-los, transferi-los ou utilizá-los com garantia de empréstimos ou outro tipo de transação financeira e/ou comercial.

 

Todo o aporte de provas das atividades da organização criminosa, segundo a PF, vai parar nas mãos da Justiça Federal até o mês de dezembro, quando, então, a segunda fase da operação deverá ser desencadeada e, desta vez, não está descartada a hipótese de pedidos de prisão para os envolvidos na trama.

 

Informações  FERNANDO RIBEIRO

 

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