Mata sua sede e lucra com isso. Assim é o mercado desenvolvido por cerca de 70 marcas de água envasadas que atuam no Ceará e cumprem as exigências sanitárias e de qualidade do produto. O faturamento de 40 delas, que produzem água adicionada de sais, chegou a R$ 40 milhões em 2012, conforme números da Associação Brasileira de Águas Adicionadas de Sais (Abinap). O ramo de água mineral não divulga resultados, mas o crescimento anual é superior a 10%. A representante do Sindibebidas-CE para o setor de água mineral, Aline Teles Chaves, destaca que, há 20 anos, não havia o mercado de água adicionada de sais. “Existe tendência de crescimento dos dois setores, o que vem acontecendo muito rapidamente. O mercado está expandindo acima dos 10%, mas, no Ceará, temos uma concorrência maior”. O consumo de água mineral no Nordeste puxou o crescimento do segmento no País, que apresentou alta de 13,6% de janeiro a junho de 2012, sobre o igual período de 2011, atingindo faturamento de R$ 1,4 bilhão, segundo estudo da Nielsen. Ceará, Rio Grande do Nordeste, Paraíba e Pernambuco impulsionaram o resultado. Foram consumidos no primeiro semestre de 2012 1,7 bilhão de litros, 8% a mais que o igual período do ano anterior. A expansão na Região foi de 18%, com a venda de 875,2 milhões de litros. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), mais do que duplicou o consumo de água mineral no Brasil de 2002 para 2012, passou de 4,7 bilhões de litros para 10 bilhões de litros. Em cerca de 10 anos, o consumo por pessoa de água mineral deve quase triplicar.
Pressão econômica
Na casa de Maria Luíza Cavalcante Queiroz, bebe-se, há anos, água fornecida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A professora de reforço escolar põe o líquido captado da torneira em um filtro. De lá, para a geladeira e para o consumo. Cerca de 300 mil pessoas bebem a água da Cagece, conforme estimativa da própria empresa, de um total de 1,5 milhões de clientes residenciais no Ceará “Alguém bebe a água da Cagece?” é a pergunta que O POVO ouviu ao conversar com pessoas que compram água engarrafada. O presidente da Cagece, André Facó, defende que há um lado cultural a ser trabalhado para difundir o entendimento de que a água fornecida pela empresa pode ser bebida. “São feitas 27 mil análises de água em todo o Estado por mês. Há resistência (de beber a água da Cagece) pelo desconhecimento. Alguma resistência em relação ao gosto, porque a gente tem que adicionar cloro que é um garantidor de que a água vai chegar potável”, admite Facó. Mesmo assim, estima que cerca de 20% dos consumidores residenciais da empresa utilizem a água também para beber. Questionado se ele próprio bebe a água da empresa que ele preside, Facó afirmou que sim, no trabalho e em casa. “Faço um alerta. No caso de condomínios, cuidado para não ser misturada a água da Cagece com a de poço, porque há uma estimativa da UFC de que 80% dos aquíferos subterrâneos estão contaminados”.