Fazendo uso de pronunciamento recheado de metáforas e simbolismos, o parlamentar voltou a se defender da acusação que levou à sua condenação no TRE e disse que irá a Brasília para tentar viabilizar o julgamento do caso no TSE. Com direito a afagos familiares, beijos no púlpito da tribuna e performance teatral, o deputado estadual Carlomano Marques (PMDB) retornou ontem à Assembleia Legislativa do Ceará. A volta do deputado às atividades parlamentares acontece quatro dias após Carlomano ter sido beneficiado por liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que mantém seu mandato na AL enquanto é aguardado julgamento do caso em Brasília. Na tribuna da Casa por mais de uma hora e meia, o parlamentar voltou a se defender da acusação que o condenou por captação ilícica de votos. Ao longo do pronunciamento, foi interrompido por beijos e abraços da filha Ana Carolina Marques e por olhares da esposa Socorro Macêdo. O início e o fim do pronunciamento, também recheados de simbolismos, foram marcados por beijos na tribuna do plenário – gesto que, nas palavras do próprio deputado, remetiam a costume do Papa João Paulo II, que beijava o chão dos lugares por onde passava. Na fala, Carlomano voltou a afirmar que as provas que levaram à sua condenação eram “clandestinas, ilegítimas e ilícitas”. Em conversa com O POVO ainda na manhã de ontem, o parlamentar disse estar embarcando hoje para Brasília, na tentativa de agilizar o julgamento de seu caso pelo TSE. Segundo Carlomano, a acusação que levou à sua cassação “é tão boba” que, para ele, será vantajoso que o caso seja encerrado logo. “É uma coisa muito incômoda você ser inocente e ficar pendurado numa liminar, quando eu tenho certeza que, no mérito, vou ganhar a causa. Não que eu esteja sendo soberbo, ou querendo fazer reparo à conduta ou a inteligência jurídica de ninguém. Mas eu estou me baseando na história. Até hoje, nunca o TSE ou o Supremo Tribunal Federal aceitou uma prova clandestina, uma prova ilegítima, uma prova ilícita”, provocou o deputado. A condenação do peemedebista foi embasada em flagrante noticiado pelo O POVO em setembro de 2010. O jornal mostrou que o então candidato à reeleição era o principal beneficiário de atendimentos médicos feitos pela irmã dele, a médica e vereadora Magaly Marques (PMDB), dentro do comitê de campanha de Carlomano, no bairro Varjota. O flagrante foi feito e gravado pelo jornalista André Teixeira. Perguntado sobre como veria a situação de Magaly Marques, que também é investigada no caso, o deputado defendeu que a vereadora deverá ser livrada de condenação, reafirmando que as provas que a acusam são “ilegítimas”. “A Magaly está livre, leve e solta”, disse ele. No processo, o TRE condenou a vereadora à inelegibilidade, que passa a valer a partir das próximas eleições. Atualmente, ela cumpre mandato na Câmara Municipal de Fortaleza.
Como
ENTENDA A NOTÍCIA
Cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Carlomano recorreu da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com a liminar conquistada, ele voltou ontem à AL e responderá o processo no exercício do cargo
Para entender
21 de setembro de 2010 – Reportagem do O POVO revela que Carlomano era o principal beneficiário de atendimentos médicos feitos pela irmã do deputado, a vereadora Magaly Marques
3 de dezembro de 2012 – O pleno do TRE decide, por 4 votos a 2, pela cassação de Carlomano Marques, pelo crime de captação ilícita de votos na eleição de 2010. O deputado apresenta recursos
30 de janeiro de 2013 – O pleno do TRE rejeita por unanimidade os recursos apresentados por Carlomano, derruba a liminar que o mantinha no cargo e notifica a AL para o afastamento imediato do deputado
8 de fevereiro de 2013 – A Mesa Diretora da Assembleia abre espaço de oito sessões antes de cumprir ordem do TRE, sob o argumento de aguardar defesa formal do deputado. No mesmo dia, o TRE envia novo oficio à AL para que se cumpra a cassação
14 de fevereiro de 2013 – A ministra Laurita Vaz, do TSE, concede liminar ao deputado, para que ele mantenha o cargo até o julgamento de seu recurso na Corte superior
19 de fevereiro de 2013 – O deputado Carlomano Marques retorna à Assembleia Legislativa e ocupa a tribuna da Casa por 1h30min para voltar a se defender das acusações