Adolescente de 13 anos espancada até a morte sonhava em ser digital influencer

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A morte de uma adolescente de 13 anos de idade, que era conhecida como Keron Ravach, chocou a cidade de Camocim, distante 370 km de Fortaleza. A estudante foi espancada até a morte, atingida com pauladas e socos. Amigos relatam que Keron era tímida, mas tinha o sonho de ser conhecida e se tornar uma digital influencer. Ela estava passando por um processo de transição de gênero.

Keron foi morta na madrugada dessa segunda-feira, 4. O principal suspeito, um adolescente de 17 anos, foi apreendido. De acordo com o titular da Delegacia de Camocim, delegado Herbert Ponte, o garoto confessa o crime e afirma que se encontrou com a vítima para fazer um programa sexual. No entanto, houve um desentendimento quanto ao pagamento dos valores e ele matou a menina. As agressões foram a facadas, pauladas, socos e chutes.

Conforme o delegado, o adolescente, que foi apreendido 21 horas após o crime, é violento. De acordo com relatos ouvidos pela Polícia Civil, ele já teria tentado matar a própria mãe. Com a elucidação do caso, foi pedido internamento do suspeito pela Justiça. O crime, conforme Herbert Ponte, sensibilizou a cidade. “Ele matou a criança a faca, pedrada. Um crime bárbaro”, relata.

A instituição de ensino onde Keron estudava, Escola de Ensino Fundamental Francisco Ottoni Coelho, emitiu uma nota de pesar. “Neste momento de dor e indignação, toda comunidade escolar se solidariza com os familiares, amigos, colegas e expressa as mais sinceras condolências”, diz o comunicado.

A vítima faria 14 anos no dia 28 deste mês. A rotina dela, conforme os amigos, era estudar e jogar carimba toda semana na praça da cidade. A maioria dos colegas que jogavam com ela eram da comunidade LGBTQ e, depois das partidas, seguiam todos para tomar banho de mar. A adolescente era criada por uma familiar e tinha aproximadamente 10 irmãos, mas que moravam com famílias diferentes. A mãe de Keron morreu há um ano, conforme O POVO apurou com um colega da vítima, de aneurisma cerebral. 

O amigo Ray Fontenelle conta que Keron era tímida, mas se soltava quando estava entre os colegas. “Humilde e cheia de sonhos. Era querida por todos e amava dançar. Queria ser conhecida, digital influencer, fazer vídeos dançando. Era muito prestativa”, disse. Ray afirma que não acredita na versão do adolescente de 17 anos, de que estaria em um programa sexual com a vítima. “Não acreditei em nada de oferecer grana por sexo. Ela era muito humilde”, afirma.

Os amigos da vítima destacam que, há 10 meses, outra LGBTQ foi assassinada na cidade de Camocim. Luana Kelly, de 22 anos, foi morta a pedradas e pedaços de pau. Na época, três suspeitos foram presos, indiciados por homicídio qualificado. “Estamos a mercê sem política pública, sem ajuda. Camocim vai se tornando a cidade do Interior do Estado que mais mata LGBTQ”, comentou.

Beatriz Chaves faz parte do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais, Negras e Negros e é coordenadora da Região Norte no Ceará. Ela afirma que o crime foi bárbaro e deixou a cidade chocada. “Aqui é uma cidade pacata, aí a gente acorda com uma notícia dessas. Um absurdo feito com uma pessoa LGBTQ em transição (de gênero), e que era praticamente uma criança. Não tinha passagens pela Polícia”, relata.

No Boletim da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o órgão “descartou que o ato infracional tenha ocorrido em razão da orientação sexual da vítima”. A pasta destacou ainda que a investigação foi remetida ao Poder Judiciário, “para tomar as medidas necessárias em relação à infração do qual o adolescente é suspeito”. 

Informações do Camocim Portal de Notícias via Jornal O Povo.

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