Expulsão de Ciro do PDT ‘não tem nenhum fundamento’, diz presidente nacional do partido

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Após racha em 2022, correligionários agora divergem sobre posicionamento do partido em Fortaleza

O presidente nacional em exercício do PDT, deputado federal André Figueiredo, descartou a possibilidade de o partido expulsar o ex-ministro Ciro Gomes de seus quadros, ou da vice-presidência nacional da sigla, devido a um suposto apoio “disfarçado” à candidatura de André Fernandes (PL) na eleição em Fortaleza. Fernandes disputou o segundo turno contra Evandro Leitão (PT), mas saiu derrotado do pleito. O petista foi eleito com 50,38% dos votos válidos como novo prefeito da Capital. 

“Não tem nenhum fundamento”, afirmou André Figueiredo sobre a possibilidade levantada. 

A especulação ganhou contornos em Brasília após deputados federais demonstrarem insatisfações com a postura de Ciro em relação ao PT, tanto no âmbito Federal como Estadual, ao ponto de o ex-ministro fazer alianças com bolsonaristas em prol de candidaturas adversárias do grupo governista do Ceará nas eleições de 2024.  

Na Capital, ele não se pronunciou no segundo turno, mas o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), um dos aliados mais próximos de Ciro, entrou de cabeça na campanha de André Fernandes.  

‘Posicionamentos isolados’ 

Procurado pelo Diário do Nordeste, o coordenador da bancada federal do Ceará, deputado Eduardo Bismarck (PDT), disse que “2 ou 3 deputados demonstraram estar insatisfeitos com o Ciro, e um disse que formalizaria o pedido (de expulsão) junto ao partido”. A conversa teria ocorrido em um grupo de WhatsApp, mas correspondem a “posicionamentos isolados e minoritários”, sendo Bismarck. 

Ele acrescentou, ainda, que assunto não diz respeito à bancada federal do Ceará, mas sim “as instâncias partidárias” do PDT. Nesta quarta-feira (30), inclusive, a executiva do partido deve se reunir em Brasília. A reunião, no entanto, não tem o assunto como pauta, conforme garantiu o deputado federal Mauro Filho (PDT). 

Segundo ele, na pauta está “destinação de emendas” e “relação com o Governo Federal”, uma vez que “há deputados reclamando” da falta de espaço para diálogo com o Poder Executivo do Brasil. 

No âmbito do Ceará, o PDT está dividido internamente desde 2022, quando rompeu com o PT no âmbito do Palácio da Abolição. Alguns dos principais quadros da legenda migraram para o PSB no início do ano, acompanhando o senador Cid Gomes. Outra parcela de deputados continua no partido, mas pleiteia anuência para deixar a legenda sem perder o cargo. 

Na eleição deste ano, a sigla lançou o prefeito José Sarto para a reeleição, mas ele sequer foi ao segundo turno, ficando em terceiro no pleito. No segundo turno o partido não definiu posicionamento, embora André Figueiredo tenha anunciado apoio ao petista. A mesma posição foi seguida e defendida por Carlos Lupi, presidente licenciado da sigla e ministro da Previdência do Governo Lula (PT).  

Qual o posicionamento? 

A falta de clareza na posição do partido no Ceará e na Capital, inclusive, levou o deputado estadual Cláudio Pinho (PDT) a pedir que o PDT defina a sua posição, porque da forma que está “fica impraticável a convivência”. Ele é um dos pedetistas próximo de Ciro Gomes e de Roberto Cláudio. Além disso, na eleição de 2024, apoiou André Fernandes contra Evandro Leitão no segundo turno. 

Em discurso na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), ele questionou quem deve sair do partido e indagou “os rumos” do PDT na Capital e no Estado. 

“Que rumos nós vamos tomar, eu estou falando agora de PDT. O PDT se notabilizou, desde a eleição de 2022, por sua divisão, por brigas interna. E para contemplar agora, no segundo turno da eleição em Fortaleza, da mesma forma. Então, nós precisamos de alguma forma saber o que fazer com o PDT. Se o PDT ficar desta forma, fica impraticável a convivência. Não que eu tenha problema com os meus colegas que ainda são do PDT aqui no Parlamento, embora tenham colocado todas as suas lideranças e candidatos no PSB. Será que eles estão certos, e eu que estou errado e quem tem que sair sou eu? Isso que tem que ser definido e conversado dentro do nosso partido”Cláudio Pinho (PDT)

Deputado estadual

Sobre esse ponto, Figueiredo disse que “não cabe ao partido definir quem fica e quem sai”, uma vez que não vê motivos para expulsão. Quanto ao posicionamento da agremiação brizolista à futura gestão de Evandro Leitão em Fortaleza, ele afirmou que o assunto será discutido internamente. 

“Até lá, a gestão é do Sarto, que é do PDT”, acrescentou. 

Nos bastidores, pedetistas aliados ao grupo governista do Estado acreditam que a maioria dos vereadores eleitos pelo partido em 2024 deve integrar a base de Evandro Leitão. Apesar de não fincar posição na Capital, Figueiredo disse que tentará levar o partido para a base do petista na Capital.  

O PDT fez a maior bancada na Câmara Municipal de Fortaleza, com 8 vereadores eleitos.

DN

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