O ex-ministro Ciro Gomes (PSB) disse que, assim que tiver a oportunidade, quer sentar com o governador de Pernambuco e o suposto candidato socialista à presidência da República, Eduardo Campos, para conversar sobre as pretensões do partido nas eleições vindouras. “Eu preciso sentar e conversar com ele, não é bom ficar acreditando somente nas declarações que saem nos jornais”.
Questionado sobre se acha uma boa ideia a eventual candidatura de Campos, que também preside nacionalmente o PSB, Ciro disse que “nós precisamos ter coerência”. Logo em seguida, o ex-ministro colocou duas questões “para o Eduardo Campos e todos nós respondermos juntos”. Segue Ciro.
“Primeiro, por que o partido não teve candidato quando a Dilma era uma desconhecida, ocasião em que nós resolvermos apoiá-la? Por que, agora, teremos um candidato próprio justo no momento em que ela está postulando uma reeleição, com dois terços de aprovação popular, um recorde?”, indagou o irmão do governador Cid Gomes (PSB). Ele prossegue. “A outra questão é para quê ser candidato? Se nós temos alguma ideia, temos que colocá-la em debate agora que o Brasil está precisando”. Por fim, Ciro também, assim como Cid, negou que tenha intenção de deixar o PSB.
Críticas
Enquanto isso, Eduardo Campos (PSB) continua em sua escalada de críticas ao Palácio do Planalto. “Não faço esse tipo de declaração [de que o governo é leniente com a inflação, referindo-se às declarações do senador tucano e provável candidato tucano Aécio Neves]. A gente deve conversar e todo mundo ajudar nesse processo. A gente tem que ter cuidado, não adianta esconder os problemas”, disse o governador, ontem, durante vistoria às obras de uma barragem no interior de Pernambuco.
Campos defendeu um esforço para a desindexação da economia, sob o risco de a inflação voltar a corroer a renda da população. “Temos como grande conquista da nação brasileira pôr fim à inflação, mas ainda tem muita coisa indexada. Com inflação, os ricos e as instituições financeiras conseguem conservar seu patrimônio. Mas quem vive de salário, aposentadoria e biscate não consegue”, disse.
Na avaliação do governador pernambucano, o combate à inflação não pode resultar em desaceleração “acentuada e recessiva” da economia. “Tem forma de combater sem derreter o emprego, sem parar demais a economia e fazer com que a gente possa passar esse momento crítico sem repique”, disse Campos, para quem o principal desafio é diagnosticar corretamente a origem do processo inflacionário.