Poluição deixa rio vulnerável à seca

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Sem cuidados, mananciais de Fortaleza sofrem com esgotos, lixos e com a ação dos próprios moradores
O solo, que já absorveu toda a água boa, consome, também a ruim, na tentativa de encontrar algum nutriente, o que resulta num baixo nível da água, conforme explica o professor Jeovah Meireles FOTO: FABIANE DE PAULA
A preocupação com o Rio Cocó, em Fortaleza, não é recente. O problema da sujeira e da falta de cuidados prejudica o manancial, escondendo sua beleza e, consequentemente, trazendo aspectos negativos à biodiversidade e à população da Capital. Tal questão tem sido uma das responsáveis pela má qualidade da água e pelas faixas de terras que estão aparecendo no rio, indicando que o manancial encontra-se abaixo do nível.
Embora a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) não tenham informações precisas sobre o nível do rio, quem passa pela Avenida Raul Barbosa e observa o manancial debaixo da ponte pode perceber, além de lixo e sujeira, as faixas de terra, antes escondidas pelo alto nível da água.
Apesar de a falta de chuva contribuir para essa diminuição, o geógrafo e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, destaca que o principal motivo é a qualidade da água, que é ruim. O solo, explica o professor, que já absorveu toda a água boa, absorve, também a ruim, na tentativa de encontrar algum nutriente, o que resulta num baixo nível da água.

Esgotos

Conforme Meireles, é normal os rios secarem em período de pouca chuva. Porém, os rios Cocó, Maranguapinho e Ceará são regidos pelas marés, dessa maneira, nunca secam por completo, embora o nível de água caia. “Os rios que se aproximam ou estão dentro da região metropolitana recebem grandes quantidades de esgoto, um dano extremamente grave para o ecossistema, já que isso resulta numa água de qualidade ruim”, afirma o geógrafo, que também destaca a falta de cuidado da própria população com a natureza da cidade.
A dona de casa Antônia Brito mora próximo à Avenida Raul Barbosa e, há sete anos, vê o Rio Cocó todos os dias. Ela notou a diminuição da água e acredita que o principal problema não seja a escassez de chuva, mas, sim, a falta de atenção tanto do poder público quanto da comunidade. Os níveis mais baixos de qualidade da água, conforme Meireles, estão situados, principalmente, nos rios cujos bairros próximos possuem os menores índices insatisfatórios de saneamento básico e lixo a céu aberto.
Além disso, há os esgotos clandestinos. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) assinou, em 2012, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público do Estado, à então Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) e à Semace para investigar as ligações clandestinas de esgoto.
A Semace monitora a qualidade do recurso hídrico a cada três meses, em oito pontos: na nascente, no município de Pacatuba; antes do Jangurussu, na Avenida Perimetral; depois do Jangurussu; na BR-116, próximo ao Makro; no Lagamar, na Avenida Raul Barbosa; na ponte da Avenida Engenheiro Santana Júnior; no Parque do Cocó, na altura da Sebastião de Abreu; e na sua foz, no Caça e Pesca. Ainda de acordo com as informações repassadas pela Semace, somente as águas coletadas nas nascentes costumam apresentar um padrão de qualidade satisfatório.

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