Durante a entrega de duas perfuratrizes, na manhã de ontem, na sede da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), o governador Camilo Santana declarou que a construção de novos poços profundos devem ser a solução para acabar com a utilização de carros-pipas. “Nossa meta é que, em médio prazo, com o Ceará estruturado, possamos eliminar a utilização dos carro-pipas do Interior do Estado. Nós temos trabalhado fortemente para minimizar e evitar colapso. Isso tem sido nossa meta”, disse o chefe do Executivo estadual.
Para se ter dimensão do impacto do uso de carros-pipas, conforme dados do Ministério da Integração Nacional, atualmente, os veículos atendem a cerca de 804 mil pessoas das áreas rurais de 138 municípios cearenses. Com recursos da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) cerca de R$ 17 milhões são investidos mensalmente na Operação Federal. Os valores para o atendimento das áreas urbanas também são assegurados por meio de transferência obrigatória.
Investimentos
Os equipamentos completam o lote das sete primeiras perfuratrizes adquiridos pelo Governo com recursos obtidos no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). No total, serão 19 comboios. Os poços são uma das alternativas encontradas pela população e também pelo Governo do Estado do Ceará para suprir a necessidade de abastecimento nas regiões mais carentes. A utilização de perfuratrizes nos dois últimos anos resultou num aumento de 72,7 no número de poços no Estado. Conforme levantamento da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), em 2015, o Estado perfurou mais 1.150 novas áreas. No ano seguinte, o número passou para 1.986. No primeiro semestre de 2017, já foram construidos 624.
Segundo o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, a perfuradora de novos poços vai acompanhada de um compressor e um caminhão de apoio. Esses conjuntos tiveram preço de R$ 1,8 milhão cada, totalizando investimentos de R$ 3,6 mi.
Segundo o governador Camilo Santana outros ações devem ser feitas para levar água em localidades onde a quadra chuvosa não foi favorável em 2017. “Vamos comprar novas perfuratrizes que possam perfurar até 400m. Como são mais caras, estamos querendo substituir algumas das existentes. Hoje são sete maquinas que perfuram em 200m. Em 30 anos de Sohidra a gente perfurou 3.760 poços”.
Alerta
Na avaliação do professor Jeovah Meireles, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), é preciso definir uma política que proporcione indicadores sobre uso e tipos de solo onde são realizadas as construções. É preciso analisar os impactos cumulativos de cada poço. Todos os poços, dependendo do território, tem dinâmica hidrológica diferente”. Outro elemento que precisa ser analisado, segundo o especialista, é a disponibilidade de recarga de cada aquífero.
De acordo com Meireles, é preciso ainda ter um estudo sobre a proximidade cada poço e as regiões que os recebem. “Se você pensar em cada poço eles geram um cone no lençol freático. As vez um cone se une com outro, dependendo do volume que a água passa. Dessa união, ocorre o rebaixamento lençol freático que, futuramente, interfere na disponibilidade de água”.
VEJA VÍDEO ABAIXO:
Diário do Nordeste